Últimas Notícias

img4

Produção sustentável de grãos: produtores realizam inspeção de pulverizadores e são capacitados em tecnologia de aplicação de agrotóxicos

Numa parceria entre o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná Iapar-Emater), o Sistema Faep/Senar e a prefeitura de Peabiru, foram realizados em 2024 três cursos sobre Inspeção Periódica de Pulverizadores (IPP), envolvendo aproximadamente 60 pessoas, entre proprietários, familiares e vizinhos. É um curso totalmente prático, com duração de 5 dias, sendo inspecionado 01 pulverizador por dia, totalizando, portanto, 15 pulverizadores.

O equipamento do produtor é inspecionado em todos os seus componentes, desde a forma correta de engate na tomada de força e respectiva proteção, passando pela limpeza dos filtros e calibração das pontas de pulverização. A inspeção ocorre com auxílio de uma Ficha de Campo, onde são anotados dados gerais do produtor e das áreas pulverizadas, do trator e do pulverizador. Em seguida iniciam-se diversas avaliações das condições do pulverizador e técnica de pulverização utilizada pelo produtor. No total são anotados e avaliados 55 itens, dos quais citamos os seguintes: segurança da cabine e proteção da tomada de força do trator, presença e conservação dos diversos filtros, adequação e funcionamento do manômetro, integridade e funcionamento de válvulas, mangueiras e engates, espaçamento e adequação das pontas de pulverização, velocidade, pressão e taxa de aplicação.

Uma etapa muito importante é a aferição do volume de calda aplicado por cada ponta de pulverização, também conhecida por bico de pulverização. Nesse trabalho de IPP é utilizado um equipamento chamado Fluxin, produzido em Campo Mourão pela Agroflux, um equipamento extremamente preciso que verifica em segundos se a ponta esta aplicando o volume de acordo com a recomendação Padrão ISO 10.625 criada em 1996. Este padrão é identificado por cores e prevê uma vazão exata para a pressão aplicada pelo pulverizador, portanto atestando ou não se o volume pulverizado está correto.

A informação de cada bico é imediatamente transferida para um aplicativo via celular, gerando um gráfico que demonstra claramente erros de vazão que ultrapassem um limite aceitável de 5%, para mais ou para menos. Quando o volume esta abaixo mostra que o problema pode ser do sistema, podendo ocorrer desde quando a calda começa percorrer toda a extensão, passando por todas as mangueiras filtros até chegar no bico; pode também ser identificado um entupimento do bico. Se o volume aferido é alto, pode significar um desgaste ou quebra de seus componentes.

Para melhor entendimento, se apenas 5 de um total de 37 pontas da barra de pulverização (14%) apresentarem problemas de excesso ou falta de volume aplicado, significa que aproximadamente 14 hectares de cada 100 pulverizados receberam um tratamento insuficiente ou excedente. Em um município com área de soja de 30.000 hectares, como Peabiru, teríamos 4.200 hectares comprometidos com excesso ou sub-dosagem de agroquímicos. Interferindo portanto na produção final. Prejuízo garantido!

Durante a realização destes 15 IPPs também foram tratadas questões relativas a Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos, o TAA, com o ênfase na engenharia das pontas de pulverização, demonstrando a possibilidade de aumentar a eficiência da operação e diminuir o principal fator de problemas e perdas que é a “Deriva”. A deriva de agrotóxicos é uma séria consequência de pulverizadores desregulados, com manutenção comprometida e técnica de pulverização inadequada, comprometendo não somente a eficiência do controle químico desejado (pragas, doenças e plantas daninhas), mas também lavouras vizinhas, o meio ambiente, áreas urbanas, criações e os próprios produtores e aplicadores.

Uma importante contribuição do TAA quando executado em conjunto com o IPP, é a identificação da inadequação das pontas de pulverização para aplicações certeiras, com redução da “Deriva”. Após as 15 inspeções realizadas, 60% dos produtores optaram por substituir as pontas de pulverização que apresentaram algum tipo de problema,

especialmente o tipo cônico. O modelo mais utilizado para essa troca foi o tipo leque ST 015, cujas principais são: o ângulo de ataque frontal de 30 graus, abertura do leque de 135 graus, o que favorece a quebra do chamado “efeito guarda chuva” e permite trabalhar mais próximo do alvo com gotas médias, diminuindo o arrasto provocado pelo vento e reduzindo a “Deriva”. Os bicos cônicos têm um ângulo de abertura menor, entre 80 e 90 graus e estes eram bicos cone vazio que produzem gotas finas, extremamente susceptíveis à “Deriva”.

Neste grupo de pulverizadores inspecionados também foram detectados problemas em 25% das válvulas de débito, comumente chamada de MasterFlow, que é utilizada no fechamento de sessão das barras de pulverização para evitar a sobreposição de produtos que podem causar fitotoxicidez à lavoura pulverizada, ou seja, com possível comprometimento na produtividade e dos custos de produção. Outro problema recorrente que afeta 50% pulverizadores é o manômetro quebrado ou com mal funcionamento, dificultando a correta calibração da pressão do pulverizador; mangueiras torcidas e sistema anti-gotejo apertado demais são causas da diferença entre a pressão de saída, que é medida no manômetro acoplado ao pulverizador, com a pressão de saída aferida nas pontas de pulverização; esta diferença de pressão varia entre 3 e 5% e afeta 100% dos pulverizadores e pode comprometer a taxa de pulverização e o tamanho das gotas aplicadas.

Os cursos foram realizados pelo Senar, sendo o instrutor o Eng. Agrônomo Rogério Toloy Soldan, com a mobilização de produtores e participação do Técnico em Agropecuária Antonio Eduardo Egydio. Os produtores compõem um grupo de produtores assistidos e atendidos do IDR-Paraná, trabalho este com o objetivo de promover uma produção mais sustentável de grãos. Os pulverizadores inspecionados foram tanto de arrasto, com capacidade de 2.000 litros, como autopropelidos, de 3.000 litros, sendo utilizados para pulverizar áreas de 30 à 400 hectares. A estimativa é de que o resultado deste esforço beneficiará as pulverizações anuais de aproximadamente 2.700 hectares de áreas cultivadas com soja e milho no município de Peabiru.

Fonte - Unidade de extensão rural do IDR-Paraná de Peabiru





Veja também:



 

Postar um comentário

0 Comentários