Com um rebanho de 8,3 milhões de cabeças e produção de carne de 386,5 mil toneladas a pecuária de corte paranaense representa o sétimo maior Valor Bruto da Produção Estadual (VBP) (SEAB/DERAL 2023 Safra 2021/2022), com um cenário climático cada vez mais desafiador e sem a possibilidade de aberturas de novas áreas a integração lavoura pecuária, vem proporcionando incrementos significativos não só na atividade de pecuária, mas também para lavouras, além do incremento ambiental e social.
Na região de Campo Mourão, localizado na região centro ocidental do estado com grande potencial agrícola, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IDR – Paraná desenvolve no município de Moreira Sales um trabalho com produtores da atividade de bovinocultura de corte, tendo ênfase a Integração Lavoura Pecuária- ILP, temos neste município uma unidade acompanhada pelo extensionista Fernando Alves a 7 anos, onde com avalição de 6 safras podemos notar o incremento produtivo, econômico e ambiental no sistema de produção.
Com uma área de 80 hectares o produtor trabalha a pecuária de corte, gado da raça nelore no sistema de cria e lavoura com produção de soja e milho 2° safra. A propriedade constitui a 7 anos uma Unidade de Referência para difusão de tecnologia do IDR – Paraná, O desafio foi fazer diferente, ou seja, integrar a produção pecuária com a produção de grãos. Com persistência e dedicação do produtor e do extensionista, bons frutos estão sendo colhidos, tanto na obtenção de bons índices zootécnicos e econômicos da pecuária, como boas produtividades e estabilidade da produção de grãos, mesmo em anos de veranicos.
Com 6 safras avaliadas no sistema de Integração Lavoura e Pecuária, desde quando aderiu ao sistema, a propriedade tem conseguido melhorar os índices zootécnicos do rebanho. Houve incremento de 26,3% na taxa de natalidade, 37,3% na taxa de desmame e a produção de arrobas por hectare/ano aumentou em 66,7%, melhorando significativamente o lucro por hectare, onde nesta safra se equiparou ao valor de arredamento de terras no município em sacas de soja por ano, considerando apenas a receita liquida, sem o capital. Isso é possível graças a ILP, pois proporciona pastagem de qualidade e em quantidade em todos os períodos do ano. Nas áreas onde a soja é colhida entra a braquiária no sistema, sendo ela solteira ou em consorcio com o milho safrinha, o que proporciona a disponibilidade de alimento ao longo do ano e em épocas críticas principalmente.
Nessas áreas o pastejo é controlado através de piquetes, onde o esterco e urina dos animais sobre a palhada e o grande volume de raízes do sistema integrado favorecem a fertilidade e estrutura do solo. Mesmo numa situação de solos naturalmente pouco férteis da região do arenito, as lavouras se soja e milho são beneficiados, pois, as plantas conseguem aprofundar raízes e manter boas produtividades mesmo em situações de veranicos. É o que ocorreu com as últimas safras de soja e milho safrinha: 150 sc/alqueire de soja e 280 sc/alqueire de milho, quando a média do município foi de 113 e 157 sacas respectivamente.
O planejamento forrageiro é uma ferramenta importante na condução da unidade, pois nos proporciona a execução de estratégias para períodos críticos, e ou quando as áreas de ILP precisam ser dessecadas, nesta propriedade utilizamos o consorcio de milheto + braquiária para a produção de silagem, que é utilizada para sequestrar os animais por um período e ser fonte de suplementação volumosa. O milheto possui uma boa produção de massa e aliado a isso tem uma resistência ao estresse hídrico, sendo mais tolerante a seca, o que nos assegura uma produtividade mesmo em anos mais desafiadores, por exemplo esse que estamos vivenciando, onde com toda estiagem a produção foi de 30 toneladas de silagem por alqueire. A braquiária por sua vez nesse sistema, permite que o solo não fique descoberto após a colheita, fornece um pouco de palha e raízes ao sistema, além de contribuir de certa forma na produção de massa ensilada.
A ILP é a ferramenta do futuro, pois como vimos nesse case de sucesso, conseguimos através da diversificação dos sistemas uma maior rentabilidade, maior instabilidade das atividades frente ao mercado e adversidades climáticas, proporcionando dessa forma maior tranquilidade e qualidade de vida a família, além de preservação do meio ambiente.
Fonte: Unidade de extensão rural de Moreira Sales-PR
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