Protetor dos animais e do meio ambiente, saiba mais sobre a vida do franciscano
A vida de São Francisco de Assis
Nascido em 1181 ou 1182 (há divergências na datação por conta da época), em Assis, na Itália, Giovanni di Pietro di Bernardone veio de uma família rica e teve uma juventude marcada pela vida despreocupada e luxuosa.
Filho de Pedro Bernardone, rico e próspero comerciante de tecidos, e de Dona Pia, chegou a ser soldado, lutando na guerra que a cidade de Assis travou contra Peruggia, também na Itália.
Com o passar dos anos, o jovem começou a sentir o chamado de se distanciar da vida de conforto e renunciar à riqueza de sua família. Há um momento, inclusive, em sua descoberta espiritual, que seu pai o coloca em uma situação de vexame público ao realizar cobranças ao filho.
“O pai jogou na cara o que tinha feito pelo filho. Ele, então, reúne todas as suas peças de roupas e se despe, numa forma de dizer: ‘bom, tudo aquilo que você me deu, eu te devolvo’. Não foi um ato de rebeldia juvenil, mas de um reconhecimento de que aquele caminho que o pai gostaria pra ele, talvez, de satisfação financeira e de bens, não era o que, de fato, satisfaria a sua vida de maneira plena”, relata à CNN, o padre Cleiton Viana da Silva, também doutor em teologia moral, do clero da Diocese de Mogi das Cruzes (SP) e autor de vários livros, como “Preceitos da serenidade: viver um dia de cada vez”.
Um dos momentos mais significativos de sua conversão foi quando ele restaurou uma pequena igreja em ruínas em Assis, a Igreja de São Damião. A situação ocorreu quando um dia resolveu ir rezar em igreja afastada de sua cidade e recebeu uma mensagem divina.
“Ele teria ouvido o Senhor falando com ele: ‘Francisco, reconstrói a minha igreja’. Então, prontamente ele reúne alguns amigos e iniciam o processo de reparo e manutenção. Tempos depois, ele se dá conta que, na verdade, tratava-se de uma reforma espiritual”, diz o sacerdote.
Voto de pobreza
Integrante dos movimentos mendicantes, que são ordens religiosas religiosas que surgiram no final da Idade Média e se caracterizam pelo voto de pobreza e pela prática da mendicância (pedir esmolas) como meio de subsistência, traz um grande ensinamento para a igreja e aos que procuravam uma vida do evangelho mais simples, mais radical e sem o peso que a institucionalidade.
“O grande legado dele foi justamente uma igreja mais confiante da força do evangelho e da bondade no coração das pessoas. Por isso que ele também é retratado como o homem do diálogo”, enfatiza o padre.
Após renunciar aos luxos que a vida de sua família ostentava, São Francisco começou a reunir seguidores que desejavam viver de acordo com os mesmos princípios.
Em busca de respostas, decidiu viajar para Roma no ano de 1205. Ao visitar a tumba do Apóstolo São Pedro, ficou indignado com o que presenciou e exclamou: “É uma vergonha que os homens sejam tão miseráveis com o Príncipe dos Apóstolos!” Em seguida, lançou um punhado de moedas de ouro, destacando-se das escassas esmolas dos fiéis menos generosos.
Logo após, trocou suas roupas luxuosas pelas de um mendigo, experimentando pela primeira vez a vida na pobreza. Retornou a Assis, à casa de seus pais, e se entregou ainda mais à oração e ao silêncio.
A partir de então, começou a pregar uma vida de desapego material e amor incondicional por todas as criaturas. Em 1209, Francisco fundou a Ordem dos Frades Menores, ou Franciscanos, com base em seus princípios de humildade, pobreza e serviço aos necessitados.
A vida em comunidade dos frades era marcada pela partilha, pela simplicidade e pela dependência da providência divina. Os membros da Ordem dos Frades Menores eram encorajados a viver em pobreza radical, confiando em Deus para suas necessidades diárias. Isso incluía não possuir bens materiais, depender de doações e viver em lugares humildes.
A origem do dia de São Francisco de Assis
O 4 de outubro marca o dia de sua morte, em 1226, quando Francisco, já com a saúde fragilizada, faleceu em Assis. Dois anos depois, foi canonizado pelo Papa Gregório IX.
Desde então, a data se tornou um dia de celebração não apenas para os católicos, mas também para todos que defendem a vida dos animais e a proteção ambiental.
“Geralmente, o dia de comemorar o santo ou é o dia da sua própria morte ou um dia antes. Então, a data sempre relação com esses fatos”, explica.
Por isso, o Dia de São Francisco de Assis é comemorado em 4 de outubro.
Milagres
Os milagres atribuídos à São Francisco de Assis fazem parte de sua trajetória de santidade e são um dos motivos pelos quais ele é venerado ao redor do mundo.
Apesar de viver uma vida de extrema humildade e simplicidade, muitas histórias extraordinárias cercam sua figura, refletindo sua fé, seu amor incondicional pelos seres vivos e sua profunda conexão com o divino.
De acordo com o padre Cleiton, um dos mais populares seria o episódio do Lobo de Gúbio, que ocorreu na cidade de Gúbio, na Itália. Conforme as histórias, a cidade estava sendo aterrorizada por um lobo feroz que atacava animais e pessoas. Os moradores viviam com medo e não sabiam como enfrentar a criatura.
São Francisco, ao tomar conhecimento do problema, decidiu intervir. Ele foi até o local onde o lobo costumava aparecer e, sem armas, aproximou-se do animal. A história conta que, em vez de atacá-lo, o lobo ficou dócil ao ouvir as palavras de São Francisco.
“Mas eu penso que tem um outro milagre muito eloquente. A história gira em torno de um leproso, ou de uma pessoa com câncer no rosto, completamente desfigurada, e que as pessoas em volta não só não tinham solidariedade, como até mesmo maltratavam. São Francisco, então, se aproxima desse doente e consegue abraçá-lo e beijá-lo. Depois daquele momento, aquele homem teve o seu rosto restaurado”, detalha o sacerdote.
Padroeiro dos animais e do meio ambiente
A caridade e bondade de São Francisco se estendeu para os animais e para o meio ambiente. Ele acreditava que todas as criaturas, independentemente de sua espécie, mereciam respeito e cuidado.
Uma das histórias mais emblemáticas é o episódio em que ele pregou para os pássaros. Segundo a tradição, enquanto caminhava, ele parou para falar com uma grande multidão de aves que se reuniram ao seu redor para ouvi-lo.
Sua espiritualidade também enfatizava a importância de cuidar da Terra e de todas as suas criaturas. Ele via a natureza como uma manifestação do amor de Deus e acreditava que a humanidade tinha a responsabilidade de protegê-la.
FONTE: CNN BRASIL
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