Muitas são as dificuldades enfrentadas pelas famílias de crianças autistas. Parte desta dificuldade reside no fato de que a maioria das famílias em nosso contexto social não tem o apoio necessário para investir no tratamento de seus filhos.
Mesmo famílias com planos de saúde enfrentam dificuldades para conseguir vagas para seus filhos, e quando conseguem enfrentam barreiras das mais diversas, desde pouca acessibilidade dos planos ao tratamento como muitas vezes a tentativa dos planos de saúde em reduzir a carga horária que a criança precisa.
Por outro lado, mesmo quando conseguem o tratamento nem sempre o trabalho oferecido é o mais adequado para o contexto da criança. Faltando capacitação por parte daqueles que prestam os serviços de atendimento. Mas o objetivo deste texto não é discutir os pormenores dessa situação.
Partindo do pressuposto de que a criança está em tratamento, entra neste momento o papel da família para efetivar o trabalho das terapias. O tratamento não deve ser unicamente institucional, mas escolar e também familiar. Não adianta de nada o profissional gastar horas do seu dia planejando e executando os processos das terapias e a família não assumir a responsabilidade pelo papel de cuidado da criança.
Quando não há diálogo entre a família e as terapias o trabalho é muitas vezes improdutivo. É como se de um lado tivesse alguém cavando e do outro lado alguém jogando terra no buraco. Ninguém sai do lugar e o mais prejudicado na história é a criança que precisa de apoio e atenção. Se a intervenção não for adequada as limitações tendem a ser acentuadas e o trabalho será muito mais difícil e custoso no futuro.
Quando a criança passa por um processo de avaliação e tratamento em autismo existe um plano de tratamento com base naquilo que é específico para aquela criança. O ambiente da terapia fornece as condições para a criança trabalhar as suas necessidades. Esse trabalho segue uma lógica. Se a família não se apropria e aplica esse conhecimento a rotina da criança será inconsistente e seu comportamento será inconsistente com o que se espera.
Não devemos esperar milagre, não devemos esperar que o profissional “conserte” a criança. Toda melhora é resultado de um conjunto de pequenas forças, de boa vontade, e de trabalho duro. A criança pode passar poucas horas do dia em tratamento, mas ela passa o resto do dia em contato com a família. Se o ambiente familiar não for uma extensão do ambiente terapêutico todos saem perdendo.
Isso não significa que a família deva saber a mesma coisa que um profissional, mas que deve haver diálogo e abertura para trocas genuínas a fim de tornar o processo mais leve e efetivo.
E-mail: leandro22.contato@gmail.com
Leandro
de Oliveira Santana CRP 08/36752
Psicólogo Clínico.
Especialista em Autismo.
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