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RELACIONAMENTO ABUSIVO

 

Por: Leandro de Oliveira Santana CRP 08/36752 Psicólogo Clínico. 

Quando falamos sobre violência em contexto de relacionamentos boa parte das pessoas tendem a imaginar a agressão física como única forma de violência. E esta é uma ideia que embora esteja parcialmente correta ela está incompleta. Isso porque a violência física é uma forma de violência dentre várias. E onde estão as outras formas de violência que ninguém vê? Parte desta cegueira social se deve ao fato de que existe sim uma naturalização da relação tóxica entre as pessoas. Acontecimentos absurdos são vistos com uma aterrorizante naturalidade. Inclusive dentro da casa de muitas pessoas que acompanham essa violência, ou mesmo as reproduzem sem se dar conta. Não podemos ignorar esse elefante no meio da sala que as pessoas fingem que não está li.

Vou mostrar esse elefante para vocês:

Podemos observar na Lei Maria da Penha que prevê CINCO (e não apenas um) tipo de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Sendo a física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.

E não é apenas a mulher da periferia que apanha do marido alcoolista. Essa violência independe de classe e outros fatores, mas ela tem gênero. Sobretudo essa violência é reproduzida pelo homem. Não podemos só falar das vítimas. Os agressores estão ali no palco principal. E se existe um perfil de vítima, existe também um perfil de agressor. Falaremos dele e dos sinais de uma relação abusiva.

Em geral os agressores são pessoas altamente carinhosas no início das relações, e este é o primeiro sinal. Ser carinhoso não é um problema, a questão é a função desse carinho. Para o agressor o carinho é seu instrumento de manipulação emocional. Diferentemente do carinho direcionado pelo homem bem resolvido e emocionalmente maduro. O agressor é um bom conquistador. Ele sabe onde atacar. Em poucos minutos de conversa ele sabe encontrar um espaço e conquistar a sua vítima dizendo coisas que ela gostaria de ouvir. Ele é um bom ator. Mereceria um Oscar pela sua atuação, e um óleo de peroba para passar em sua cara de pau.

O segundo sinal é o ciúme excessivo. Ele não vale nada, mas para sua amada ele é tudo. E com medo de desapontá-lo e perdê-lo, ela cede então ao desejo do agressor. Ele ganha força sobre ela. Ela se submete ao desejo dele para o agradar. Ele sabe como fazer isso.

O terceiro sinal é o sentimento de culpa que a vítima sente. Ela realmente acredita que é a culpada pelo próprio sentimento de culpa, mesmo que tenha apanhado de seu marido. Ela acredita que mereceu, então ela pode proteger seu agressor de sofrer as consequências sociais e legais pelo crime que ELE cometeu.

O quarto sinal é que esta é uma história com começo, meio e fim. A violência possui fases: O início carinhoso, o conflito, o sentimento de culpa, o medo do abandono. Ele promete mudar, chora, implora por perdão. Diz que a ama e que ela é tudo na vida dele. Ela finge que acredita. Poderíamos substituir essa palavra “amor”, neste contexto, por outras palavras mais adequadas, como: medo do abandono, desamparo, ciúmes, raiva, frustração.. Esta relação pode ter todos estes sentimentos, mas não podemos chamar isso de amor.

O dominador exerce o seu domínio sempre dentro de um limite em que a outra pessoa consegue se sujeitar. Com isso o relacionamento se mantém dentro de sua precariedade.

Quebrar o ciclo e reinventar novas formas de se relacionar é uma tarefa difícil. Envolve um aprendizado. Não basta boa vontade, é preciso que o contexto seja favorável. Pessoas podem viver anos, ou a vida inteira em relacionamentos ruins. Mas apenas as pessoas que saíram de relacionamentos ruins conseguem ver com clareza o buraco em que estavam e o quanto perderam de viver por subsistir em uma relação pouco ou nada recompensadora..

Se você perceber sinais abusivos em sua relação, procure ajuda. Converse com alguém de confiança, mesmo que seja do trabalho, ou de seu convívio mais próximo. Procure auxílio no posto de saúde da sua cidade. Vá até a delegacia. Existem muitas formas de pedir ajuda. Encontre a mais fácil para você.

Links úteis: 

https://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-domestica/ciclo-da-violencia.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm


E-mail: leandro22.contato@gmail.com

Leandro de Oliveira Santana CRP 08/36752

Psicólogo Clínico.


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