A Rota da Fé, uma iniciativa criada em 2006 para promover o turismo religioso em um caminho de 103 quilômetros entre Campo Mourão e Fênix, no Centro-Oeste do Paraná, recebeu recentemente o Prêmio Excelência Turística em Madri, na Espanha. Nesta quinta-feira (02), o vice-governador Darci Piana recebeu o idealizador do projeto, Rúben Moyano, para conversar sobre a iniciativa, que tem atraído milhares de visitantes todos os anos.
Em novembro de 2022, os dois, em conjunto com o bispo da Diocese de Campo Mourão, Dom Bruno Versari, e o presidente da Associação Internacional de Cooperação Turística (Asicotur) e chanceler da Ordem de Santiago de Compostela, Alejandro Carballo, assinaram um convênio para implantação do chamado Caminho Iniciático de Santiago de Compostela no Paraná, utilizando como base a Rota da Fé.
Os 103 quilômetros podem ser percorridos entre 4 a 5 dias e incluem 27 pontos turísticos passando por Campo Mourão, Corumbataí do Sul, Barbosa Ferraz e terminando em Fênix, onde estão as ruínas da antiga Vila Rica de Espírito Santo, fundada em 1570 pelo governo espanhol. A escolha do trajeto ocorreu em função da região ter abrigado um povoado jesuíta e indígena no século XV e a Diocese de Campo Mourão foi pioneira na implantação de caminhos religiosos.
Nas próximas semanas, uma consultora da Europa deverá visitar a região para avaliar a situação atual da Rota da Fé e propor um plano diretor para implementação do caminho iniciático. A intervenção deverá resultar em apontamentos sobre a necessidade de investimentos em infraestrutura, como pousadas e banheiros, sinalização e segurança aos turistas.
Para Piana, o estímulo a iniciativas como estas têm um potencial econômico expressivo para os municípios que recebem os turistas. “O Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, é conhecido no mundo inteiro e atrai centenas de milhares de turistas que gastam dinheiro nos hotéis, restaurantes e bares”, disse. “Aqui no Paraná, o Governo do Estado já firmou um acordo com os quatro municípios por onde passa a Rota da Fé e, em parceria com a iniciativa privada e o setor produtivo, pode ajudar a atrair muita gente para a região”.
A Rota da Fé foi a primeira iniciativa escolhida pela Asicotur, que possui sede na Espanha, para receber um caminho iniciático de Santiago de Compostela fora da Europa.
Segundo Rúben Moyano, um dos diferenciais que pesou a favor da iniciativa é a sustentabilidade. “A Rota da Fé começou a ser idealizada em 2006 e, desde então, realizamos 62 edições. Ela foi criada para ser feita por toda a família dentro de uma proposta que fosse economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente adequada. Além da religião, há atrativos históricos, culturais, soltura de peixes, plantio de árvores, venda de produtos da agricultura familiar e artesanatos da região”, argumentou.
Para o idealizador do projeto, o sucesso depende do engajamento de todas as partes envolvidas. “Poder público local, regional e até nacional e a inciativa privada precisam trabalhar em conjunto porque o benefício não vai ser só para a região de Campo Mourão, mas para todo o Paraná, o Brasil e os países vizinhos. Um turista europeu que visitar a região vai passar 20 a 30 dias e, depois de fazer o iniciático, vai querer conhecer as Cataratas do Iguaçu, o Pantanal, Curitiba, Paraguai e Argentina, por exemplo”, disse.
CAMINHOS DO PEABIRU
Na reunião com o vice-governador, também estiveram presentes representantes do projeto Caminhos do Peabiru, uma iniciativa que busca resgatar a rota milenar que passava por boa parte do Paraná, além de outros estados e países, como um atrativo turístico.
A trilha histórica, que era utilizada por indígenas que se deslocavam entre o Oceano Atlântico e a Cordilheira dos Andes está sendo retomada em um projeto que tem a participação do Governo do Estado. O historiador Arleto Rocha é um dos idealizadores do projeto, que teve início justamente pela cidade de Peabiru e chegou a ganhar o prêmio Gestor Público Paraná da Assembleia Legislativa.
“Quando assumi a Secretaria da Cultura de Peabiru nós vimos que tínhamos um potencial econômico grande no turismo e por isso decidimos trabalhar com o próprio nome da cidade. Criamos um projeto envolvendo história e cultura em um roteiro guiado de 10 quilômetros que passa por cachoeiras, minas d’água e trechos originais dos Caminhos de Peabiru, além de incluir uma igreja histórica e um museu sobre os caminhos no itinerário”, explicou.
“A partir daí as coisas foram andando e, com um pequeno investimento, começamos a receber turistas que deram retorno para a economia. Antes da pandemia recebemos cerca de 30 mil visitantes e estamos retomando os trabalhos pós-pandemia com cerca de 8 a 10 mil turistas por ano”, acrescentou o historiador.
O Governo do Estado tem apoiado a iniciativa e trabalha em projetos para recuperar as rotas dos Caminhos do Peabiru, expandindo-a para outros municípios onde as trilhas originais passavam. De acordo com Rocha, a participação estadual é de suma importância tanto para os investimentos em infraestrutura destinada aos turistas quanto na divulgação dos roteiros.
Fonte: Agência Estadual de Notícias
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